Suspeito de caça ilegal é preso no Piauí com 15 mocós abatidos; espécie ameaçada existe em apenas em 5 estados do Brasil
Mamífero roedor da mesma família das capivaras e preás está na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas
Um homem de 53 anos foi preso suspeito de caça ilegal de animais silvestres e porte ilegal de arma de fogo, na noite de domingo (28), em São João da Serra, 133 km ao Sul de Teresina. Segundo a Polícia Militar do Piauí (PM-PI), com ele foram encontrados uma espingarda e 15 mocós abatidos. A espécie ameaçada existe em apenas no Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia e no Norte de Minas Gerais.
De acordo com a PM, tudo começou por volta das 18h30, na localidade Chapada, zona rural de Alto Longá, cidade vizinha a São João da Serra, quando uma guarnição em rondas na PI-451 visualizou o homem em uma motocicleta.
No veículo, os policiais avistaram um caixote branco, do tipo de feira, e a espingarda. Em revista, foram encontrados, além da arma e dos animais abatidos, oito cartuchos de munição, sendo seis intactos e dois deflagrados.
Os policiais então deram voz de prisão ao homem e o conduziram para a Central de Flagrantes, juntamente com o material apreendido, para os procedimentos cabíveis.
O suspeito pode responder judicialmente pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo, com pena de dois a quatro anos de detenção, e caça ilegal de animais silvestres, punível com detenção de seis meses a um ano. Nos dois delitos também são previstas multas.
Espécie ameaçada
O Kerodon rupestris, mais popularmente conhecido como mocó, é um mamífero roedor que integra a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Nativo do Nordeste brasileiro, está presente nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia e Norte de Minas Gerais.
Os adultos da espécie chegam a medir 40 centímetros de comprimento e a pesar 1 quilo, um pouco maior que o preá, seu parente mais próximo. Eles também pertencem à mesma família das capivaras.
Tanto o consumo de sua carne quanto o uso de sua pele são usuais e, consequentemente, uma ameaça à sua sobrevivência. Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a população da espécie diminuiu 30% nos últimos 30 anos, chegando a ser extinta em áreas não protegidas.
A veterinária de animais silvestres Noely Martins disse ao g1 que, infelizmente, no Piauí, ainda é comum a caça desse tipo de animal no interior do estado.
“É uma cultura instalada que ainda não foi quebrada. Comer ‘carne de caça’, como dizem no interior, é muito comum. Dizem que é saudável, saborosa, e aí ficam abatendo os animais e consequentemente lucrando”, explicou.
A profissional acredita que é necessário divulgar mais as punições para caça ilegal desses animais. “O valor da multa é de 500 reais por animal e se estiver em extinção esse valor é aumentado”, exemplificou Noely Martins.
Fonte: g1 Piauí