
Um projeto conduzido por biólogos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) capturou, entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, fotos de mamíferos que vivem no Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí. Os registros foram feitos com 40 “cameras trap”, ou armadilhas fotográficas.
Entre os animais avistados estão a raposa, o caititu, a onça-parda, a onça-pintada, o gato-mourisco, o tamanduá-mirim, o veado-catingueiro, o tatu-bola, a jaguatirica e o tamanduá-bandeira. Alguns deles estão ameaçados de extinção (veja fotos ao fim da reportagem).
As “cameras trap” são ativadas remotamente e equipadas por um sensor de movimento. Elas capturam fotos de animais silvestres sem que os pesquisadores precisem estar presentes.

Segundo o biólogo e analista ambiental Ricardo Sampaio, do ICMBio, o projeto está relacionado aos planos de ação nacional de conservação dos grandes e pequenos felinos promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente.
“O trabalho tem como objetivo avaliar o tamanho populacional [dos felinos e outros mamíferos]. A gente precisa saber se está estável, diminuindo ou aumentando e, se for o caso, elaborar uma estratégia específica para a proteção deles na área”, afirmou o biólogo ao g1.
Além disso, os pesquisadores também avaliam o uso do habitat pelos animais a fim de saber por quais áreas eles costumam andar e quais preferem evitar.

Há também uma preocupação com os conflitos entre eles e humanos que criam animais domésticos no entorno do parque, como galinhas e bodes.
“Em alguns casos, eles podem predar os animais de criação e aí os humanos querem se defender e acabam os matando. A gente entendendo como eles fazem uso do habitar pode traçar estratégias para mudar a situação de conflito para uma de coexistência”, destacou Ricardo.
De acordo com a bióloga e agente ambiental Catarina Neta, do ICMBio, as “cameras trap” que capturaram os registros dos mamíferos ficaram instaladas em um lado do parque. Agora, elas serão fixadas no outro lado por mais três meses.
Veja mais fotos abaixo:
Sobre o parque

O Parque Nacional Serra da Capivara foi fundado em 5 de junho de 1979 como uma unidade de conservação de uso integral. Com 130 mil hectares e mais de 1.200 sítios com arte rupestre, pinturas que foram feitas em rochas e paredes de cavernas há milhares de anos, atrai cientistas e turistas de todo o mundo.
Os trabalhos realizados no parque pela equipe da arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon foram fundamentais para comprovar que os primeiros homens a chegarem na América datam de cerca de 100 mil anos.
No parque é possível encontrar registros rupestres pré-históricos, especialmente as pinturas gravadas nas rochas com cenas de caça, sexo, guerra e outros aspectos da vida cotidiana.
O local ainda tem cânions gigantescos que chegam aos 200 metros de altura, além de belíssimos platôs. Os paredões são resultados da movimentação das placas tectônicas da Terra há cerca de 200 milhões de anos.
