Morreu neste domingo (03) Antônio Bispo dos Santos, de 64 anos, conhecido como Nêgo Bispo, líder e intelectual quilombola. Nego Bispo nasceu no Vale do Rio Berlengas, no Piauí. Ele morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória no Hospital de São João do Piauí. Pelo Brasil, diversos movimentos lamentaram a morte de Bispo.
Formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí. Autor de artigos, poemas e livros, Bispo despertou o debate, e teve sua história marcada, pela luta, valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas, sobretudo a partir do conceito de “contra-colonização”, a relação entre regimes sociopolíticos e cosmológicos.
Como liderança quilombola, atuou na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). A coordenação lamentou a morte e destacou a importância do seu legado.
“Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações. Neste momento de perda, expressamos nossas condolências à família, amigos e admiradores, e reafirmamos a importância de honrar seu legado e perpetuar suas ideias. Que sua memória inspire e ilumine o caminho daqueles que seguem a luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas”.
Bispo foi professor da disciplina Encontro de Saberes na UnB em 2012 e 2013 e pertence à rede de mestres docentes do Instituto. Seu penúltimo livro lançado foi Colonização, Quilombos: modos e significados, que debate a visão dos quilombos, comunidades de negros que se rebelaram contra a violência do regime escravo e se tornaram historicamente um símbolo maior da luta.
Em 2023, lançou A terra dá, a terra quer, que oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra.
Fonte: Portal A10+