De todos os 224 prefeitos piauienses eleitos, apenas 7 são negros; saiba quem são!
Neste 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e Dia da Consciência Negra, o OitoMeia traz um dado diferente relacionado à política local.
De acordo com o IBGE, a população preta no Piauí representa cerca de 12,25% do total da população. Se considerar como população, é predominante em 98% dos municípios.
Os números, contudo, não se refletiram no resultado das últimas eleições no estado. Em 2024, na última eleição municipal, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), dos 224 municípios do estado, em apenas 7 deles foram eleitos prefeitos declaradamente negros. Saiba quem são eles:
PREFEITOS ELEITOS NEGROS
- Professor Adriano (Republicanos), prefeito de Amarante;
- Dr. Zé Luís (PT), prefeito de Baixa Grande do Ribeiro;
- Olavo Júnior (MDB), prefeito de Buriti dos Montes;
- Carlos Alberto (PP), prefeito de Cajazeiras do Piauí;
- Camila Barbosa (PP), prefeita de Lagoa do Piauí;
- Orlando Crispim (PSD), prefeito de Manoel Emídio;
- Djalma Mascarenhas (PSD), prefeito de Monte Alegre do Piauí.

POLÍTICOS, COM MANDATO, NEGROS
E se contarmos apenas os políticos do Piauí, com mandato, no Senado Federal, na Câmara Federal, na Assembleia Legislativa e considerando a Câmara Municipal de Teresina?
Dos três senadores, nenhum é negro. Dos dez deputados federais da bancada piauiense, apenas um se declara negro, Dr Francisco (PT). Já dos 30 deputados estaduais, também apenas um é declaradamente negro, Franzé (PT), que é presidente da Casa.
E na Câmara Municipal de Teresina, dos 29 vereadores, quatro se declaram negros: Enzo Samuel (PDT), reeleito e atual Presidente da Câmara Municipal de Teresina; Fernando Lima (PDT), eleito para o primeiro mandato; Ismael Silva (PP), reeleito para o cargo de vereador, mas que irá assumir a Secretaria Municipal de Educação (Semec); e Valdemir Virgínio (PRD), reeleito.

FALTA DE REPRESENTATIVIDADE
Deixando de lado as narrativas vazias, pouco se explica sobre a falta de representatividade negra nas esferas do poder da democracia. Fatores como a pobreza, a fome e a ausência do Estado fazem parte do estigma, mas a eleição de uma minoria negra descendente, na política do Piauí, sinaliza, segundo especialistas, para uma espécie de baixa autoestima por parte das pessoas negras.
Um estudo feito pela professora e cientista política Marivânia Araújo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) demonstrou que a baixa representatividade de negros na política é um problema para toda a população e impede um desenvolvimento social que é até necessário. Hoje, 24% dos 513 deputados federais que atuam na Câmara são negros. Quando olhamos para a população, o número revela a falta de representação: 56,1% dos brasileiros são negros, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas há esperança de que muita coisa mude nas próximas eleições estaduais: nas eleições de 2022, o número de negros eleitos para a Casa aumentou consideravelmente e bateu um recorde: 135. Ainda assim, a representação é de apenas 26% do total de parlamentares que vão atuar a partir de 2023. Marivânia Araújo afirma que a baixa representatividade de negros na política brasileira significa a reprodução da exclusão dessa população dos espaços de poder. “Fazer discussão sobre racismo, sobre exclusão racial, isso não é um problema da população negra. Uma sociedade que é excludente, que vai privilegiar um grupo em detrimento de outro, é uma sociedade ruim”, afirmou a professora em entrevista ao portal G1.
Fonte: Oito Meia