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Festa da água: semiárido registra reservatórios cheios após seca histórica

Depois de sofrer com a mais longa seca já registrada no Brasil, o semiárido está novamente comemorando açudes e barragens cheios.

O que aconteceu

Volume médio de água chegou a 50% da capacidade dos reservatórios pela primeira vez desde 2012. Muitos deles estão “sangrando” (ou seja, há vazão após atingir a capacidade máxima), levando a festas de moradores.

Reservatórios secaram entre o final de 2011 e 2017. As chuvas no semiárido estiveram bem abaixo da média nesse período.

Rios, açudes e barragens voltaram a encher. Em 2023, fenômenos climáticos fizeram a região registrar chuvas acima da média.

O nível de 50% da capacidade total dos reservatórios foi alcançado na quarta-feira (12). Isso não ocorria desde 2012, segundo dados da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico). A ANA monitora mais de 500 reservatórios que abastecem a região, que têm capacidade para 40 trilhões de litros de água.

Alegria da população

O cenário de seca mudou em muitos locais. Um bom exemplo é o açude Vieirão, no município de Boa Viagem (CE), que chegou a ter apenas 4% de sua capacidade em agosto do ano passado e agora está cheio.

Açude Vieirão com 4% de capacidade em 2022 - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará
Açude Vieirão com 4% de capacidade em 2022 Imagem: Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará

Agora, como está o açude:

A cheia dos reservatórios levou moradores às ruas para comemorar. Muitas dessas festas foram filmadas e viralizam em redes sociais

No dia 4, moradores do município de Quixeramobim, no semiárido cearense, se aglomeraram para ver o “sangramento” da barragem que abastece a cidade, o que não ocorria desde 2011.

O mesmo ocorreu no dia 11, em Caririaçu, onde o açude encheu novamente após 14 anos: a população fez uma grande celebração na beira do loca.

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O que está por trás das chuvas?

A maior intensidade de chuvas está ligada à temperatura dos oceanos, em especial ao fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial. A avaliação é do meteorologista Humberto Barbosa, professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

“Nesses últimos três anos tivemos La Niña extremos, e essas condições fizeram com que as temperaturas não só tivessem um pouco da abaixo da média histórica, como a distribuição das chuvas fossem melhoradas em várias partes da região. Isso fez com com que os reservatórios aumentassem os níveis”, disse Humberto Barbosa

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Barragem Umari cheia, no Rio Grande do Norte Imagem: Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte

Outro ponto favorável é que, também nos últimos anos, as temperaturas do Atlântico Sul estiveram acima da média histórica. Quando isso ocorre, diz o especialista, mais umidade é transportada pelos ventos para a região Nordeste.

“A gente sabe que, quando as águas do Atlântico Sul estão mais quentes que as do Atlântico Norte, você cria o que chamamos de polo negativo, que causa mais chuva à nossa região. E, nesses três primeiros meses do ano –que é a quadra mais chuvosa em boa parte do semiárido–, isso ocorreu”, completou Humberto Barbosa

Fonte: Carlos Madeiro/UOL

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