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Lula diz que, se for eleito, vai tirar 8 mil militares de cargos comissionados no governo federal ‘ganhando sem trabalhar’

Pré-candidato à Presidência pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nessa segunda-feira (4) que, se eleito, pretende tirar cerca de 8 mil militares que ocupam cargos comissionados no governo federal. A uma plateia de dirigentes sindicais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o petista disse que esse será um dos desafios de eventual novo governo petista.

“Nós vamos ter que começar o governo sabendo que vamos ter que tirar quase 8 mil militares que estão em cargos de pessoas que não prestaram concurso. Vamos ter que tirar. Isso não pode ser motivo de bravata, tem que ser motivo de construção. Porque se a gente fizer bravata pode não fazer”, disse o ex-presidente, no encontro com a direção da CUT, em São Paulo. Na reunião, Lula recebeu propostas da central sindical para seu plano de governo.

Na semana passada, em evento no Rio de Janeiro, o ex-presidente já havia criticado a participação de militares na política e disse que o papel deles não é “puxar o saco” – nem dele, nem do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Eles [militares] têm que ficar acima das disputas políticas. Exército não serve para política, ele deve servir para proteger a fronteira e o país de ameaças externas”, afirmou Lula, na quarta-feira (30), em ato do grupo de Puebla na Uerj.

Em evento no Rio, o ex-presidente já havia criticado a participação de militares na política e disse que o papel deles não é “puxar o saco” — Foto: Cléber Mendes/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Em evento no Rio, o ex-presidente já havia criticado a participação de militares na política e disse que o papel deles não é “puxar o saco” — Foto: Cléber Mendes/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Ao discursar para os sindicalistas, em São Paulo, o ex-presidente falou sobre as dificuldades que terá na disputa contra Jair Bolsonaro e também para governar, caso seja eleito em outubro. Sobre a eleição presidencial, o ex-presidente mostrou-se preocupado com o efeito eleitoral da distribuição de recursos pelo governo Bolsonaro aos mais pobres.

“Vai ser difícil desmontar isso”, disse. “Agora a situação está ruim, o povo sem comida, sem emprego, o salário está pior. Ele está distribuindo dinheiro e isso vai acabar assim que terminar as eleições”, declarou. O Auxílio Brasil, do governo federal, prevê o pagamento de R$ 400 para 18,05 milhões de famílias e é um benefício extraordinário, que deve vigorar somente até dezembro.

Lula disse que o presidente tem como aliados “milicianos”, “militares” e eleitores de direita. E que tentará se manter no cargo a todo custo “com medo do que pode acontecer com ele e com os filhos dele”, em uma referência a possíveis problemas presidente na Justiça, se perder o foro privilegiado. “Não estamos lutando com um cara qualquer”, afirmou o petista, sobre Bolsonaro. “Não vai ser fácil. Não é uma guerra que está ganha. Mas é guerra que podemos ganhar.”

Sobre uma eventual vitória nas urnas, o petista disse que, para se manter no cargo, é preciso construir uma base de apoio. Mas ponderou que a esquerda ainda é minoria no Congresso e citou o crescimento de legendas aliadas a Bolsonaro no período da janela partidária, que terminou no sábado.

Lula citou especificamente o PL, partido do ex-deputado Valdemar Costa Neto, ao qual o presidente está filiado e que conseguiu a maior bancada da Câmara agora, com 78 deputados, segundo levantamento feito pelo Valor. É mais do que o dobro dos 33 parlamentares do partido que tomaram posse.

“É muito mais fácil falar do que fazer. Para fazer, temos que construir maiorias e nesse aspecto a correlação de forças conta muito. E nós já temos a experiência do que aconteceu com a companheira Dilma [Rousseff]. Todo mundo dizia: ‘é humanamente impossível a oposição arrumar os deputados para fazer o impeachment’. ‘É humanamente impossível’… Humanamente p* nenhuma. Eles fizeram. Nós é que não conseguimos segurar”, disse.

Na sequência, o petista afirmou que sua pré-campanha precisa ter clareza sobre as propostas que apresentará e disse que não pode ficar presa somente ao legado petista. “Temos que ter uma proposta muito objetiva e muito concreta para melhorar a vida do povo pobre”, afirmou.

A seis meses das eleições, Lula disse que ainda precisa definir qual modelo de desenvolvimento econômico e de política industrial defenderá. Ao citar propostas para economia, voltou a criticar o teto de gastos e a defender a taxação de lucros e dividendos.

Lula queixou-se do desmonte da estrutura do movimento sindical, da Justiça do Trabalho e dos direitos trabalhistas e disse que a maioria dos eleitores que os sindicatos representavam antigamente está desempregada. “É a situação mais grave que o movimento sindical está vivendo”, disse o petista, na reunião com a CUT.

Apesar de ressaltar as dificuldades que tem enfrentado, o petista disse que está tão otimista para disputar estas eleições como esteve em 2002, quando venceu pela primeira vez para presidente.

Fonte: Valor Econômico

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