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Nova espécie de ave descoberta na Caatinga recebe nome em homenagem à arqueóloga Niède Guidon

Egressos UFPI desempenharam papéis cruciais na recente descoberta de uma nova espécie de ave na região da Caatinga

Egressos do curso de Ciências Biológicas do Campus Ministro Petrônio Portella, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), desempenharam papéis cruciais na recente descoberta de uma nova espécie de ave na região da Caatinga. O estudo, publicado na revista científica internacional “Zoologica Scripta” em 17 de junho, revela que alterações históricas no curso do rio São Francisco e oscilações climáticas ao longo de aproximadamente um milhão de anos foram responsáveis pela divisão de um grupo de aves conhecidas como choca-do-nordeste em duas espécies distintas.

Os indivíduos da nova espécie, denominada Sakesphoroides niedeguidonae, até então eram considerados parte da espécie Sakesphoroides cristatus. Contudo, o estudo descobriu diferenças genéticas, de plumagem e de canto entre os grupos. Vale ainda ressaltar que o nome atribuído à espécie é uma homenagem à renomada cientista e arqueóloga Niède Guidon.

Nova espécie de ave descoberta na Caatinga recebe nome em homenagem a Niède Guidon – Foto: Reprodução

Gabriela Gonçalves, formada em Ciências Biológicas pela UFPI e atualmente pós-doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia de Populações e Biodiversidade do Amazonas Oriental (PPBio), compartilhou sua experiência na pesquisa: “Utilizamos dados de ocorrência muitos deles coletados ao longo de expedições realizadas durante minha graduação na UFPI. Esses dados nos permitiram investigar a distribuição da espécie ao longo dos últimos mil anos e estimar como as mudanças climáticas influenciaram na separação e na subsequente evolução das populações das duas espécies.”

Pablo Cerqueira, também egresso do curso da UFPI, doutor em Zoologia com enfoque em sistemática e evolução de aves neotropicais e atualmente Pós-doc no Instituto Tecnológico Vale (ITV), acrescentou: “Desde minha graduação, meu envolvimento com pesquisas de aves na região nordeste do Brasil tem sido constante. Neste estudo, que resultou na descrição da espécie Sakesphoroides niedeguidonae, utilizamos uma abordagem abrangente que incluiu análises de dados genéticos, características de plumagem e vocalizações.”

Os pesquisadores analisaram meticulosamente características morfológicas e genéticas de 1.079 aves, além de revisarem 115 gravações sonoras e 58 amostras de material genético. Esses esforços culminaram na identificação de diferenças significativas entre os grupos, tanto na aparência quanto no comportamento vocal. Cerqueira enfatizou: “Essa descoberta não apenas destaca a diversidade única da Caatinga, mas também sinaliza a necessidade de estratégias de conservação mais focadas para proteger essas espécies recém-descobertas e seus habitats.”

Egressos da UFPI que participaram do estudo – Foto: Reprodução

Gonçalves concluiu: “Nossas descobertas não só expandem o conhecimento sobre a evolução das aves na região, mas também fornecem uma base sólida para estudos futuros que possam investigar como essas novas espécies estão respondendo às pressões ambientais e às mudanças climáticas.”

Os pesquisadores planejam continuar investigando os padrões evolutivos e genéticos de outras espécies com distribuição semelhante na Caatinga, utilizando técnicas avançadas como análise de genomas completos. Este trabalho promete não apenas ampliar nosso entendimento sobre a diversidade biológica da região, mas também informar estratégias eficazes de conservação adaptadas às necessidades específicas de cada espécie.

A descoberta da Sakesphoroides niedeguidonae enriquece o conhecimento sobre a biodiversidade da Caatinga e destaca a importância contínua da pesquisa científica e da colaboração entre instituições acadêmicas e de pesquisa para a conservação do patrimônio natural do Brasil. Questionada sobre a homenagem ao nomear a nova espécie de ave, Niède Guidon salienta: “Me sinto lisonjeada ao atribuir o nome para uma nova espécie de ave. Ele, assim como eu, gostou da região da Caatinga e se instalou por aqui”, finalizou.

Por último, é importante frisar que o estudo para a descoberta da nova espécie contou também com as colaborações dos pesquisadores: Tânia Fontes Quaresma, Marcelo Silva, Mauro Pichorim e Alexandre Aleixo.

Fonte: Portal A10+ com informações da UFPI

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