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Obra de mais de R$ 80 milhões leva asfalto a amigo e vizinho de Lula em estado brasileiro

Obra milionária destinou recursos para asfaltar vias em meio a pastagens e plantações, beneficiando diretamente propriedades do vizinho e do amigo de Lula. (Imagem/ ilustração feita por IA)
Obra milionária destinou recursos para asfaltar vias em meio a pastagens e plantações, beneficiando diretamente propriedades do vizinho e do amigo de Lula. (Imagem/ ilustração feita por IA)

Uma obra de mais de R$ 80 milhões destinou recursos para asfaltar vias em meio a pastagens e plantações, beneficiando diretamente propriedades do vizinho e do amigo do presidente Lula. As informações são do portal Correio do Estado.

Enquanto diversas vias movimentadas de Campo Grande, como as avenidas Calógeras, Mascarenhas de Moraes e Manoel da Costa Lima, aguardam recursos para recapeamento, a prefeitura da capital sul-mato-grossense destinou quase R$ 100 milhões nos últimos três anos para pavimentar estradas que passam por áreas rurais, repletas de pastagens e plantações de soja, nos fundos do Aeroporto Internacional da cidade.

O investimento, o maior da gestão da prefeita Adriane Lopes, tem origem federal, sendo quase totalmente custeado por emendas parlamentares.

O ponto curioso é que a nova pavimentação beneficia diretamente propriedades pertencentes ao pecuarista Glaucos da Costamarques, vizinho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ao empresário José Carlos Bumlai, amigo pessoal do mandatário brasileiro.

Ambos os nomes ganharam notoriedade nacional durante as investigações da Operação Lava Jato, quando foram associados a escândalos envolvendo a construtora Odebrecht e empréstimos suspeitos.

Pavimentação avança sobre propriedades privadas

O projeto, que totaliza R$ 84,6 milhões, sem contar aditivos contratuais, está promovendo a pavimentação da Avenida Wilson Paes de Barros e de uma nova via ainda sem nome oficial.

Ambas ficam na região oeste de Campo Grande, margeando áreas rurais e o aeroporto.

A Wilson Paes de Barros inicia na Avenida Duque de Caxias, contorna o aeroporto e se estende por cinco quilômetros, alcançando o Bairro Santa Emília.

Parte da via foi duplicada e recebeu calçadas e ciclovias. Além disso, a prefeitura construiu piscinões capazes de armazenar até 90 milhões de litros de água para conter enchentes, justificando o investimento na região de pouca inclinação topográfica.

No entanto, conforme o jornal citado, o movimento na área ainda é tímido: além de alguns veículos e ciclistas, o cenário é predominantemente rural, com gado pastando e plantações de soja ocupando boa parte do entorno.

Entre os proprietários beneficiados com o novo asfalto está Glaucos da Costamarques, que possui quatro propriedades na área, totalizando cerca de 180 hectares – o equivalente a mais de 3,5 mil lotes urbanos de 360 metros quadrados.

Mesmo localizadas dentro da cidade, essas propriedades foram classificadas pela Justiça como imóveis rurais, garantindo ao empresário a isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Com isso, Costamarques conseguiu se livrar de uma cobrança de R$ 1,2 milhão em impostos sobre uma de suas chácaras de 75 hectares e de R$ 1,18 milhão referente a outra, de 81,5 hectares.

A administração municipal defendia a tributação pelo IPTU, mas a defesa do empresário apresentou comprovantes de criação e venda de gado, o que garantiu a manutenção da isenção.

Além disso, a prefeitura ainda pode ser obrigada a arcar com as custas processuais.

Outra propriedade da família, em nome de Regina Bruno Costamarques, esposa de Glaucos, também pode ser beneficiada indiretamente pela pavimentação.

O imóvel, com 30 hectares, está situado na margem direita do Córrego Imbirussu, nas proximidades do Núcleo Industrial.

Amigo de Lula também é favorecido

Além do vizinho do presidente, José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo pessoal de Lula, também possui terras na região que estão sendo valorizadas com a infraestrutura.

Ele ficou nacionalmente conhecido durante a Lava Jato, chegando a ser preso e condenado a quase 10 anos de reclusão por suposta lavagem de dinheiro.

A chácara de Bumlai, com aproximadamente 80 hectaresnão está às margens diretas da nova avenida, mas o asfaltamento próximo e a provável chegada de redes de água, energia e futuros loteamentos urbanos podem valorizar consideravelmente suas terras, impactando o preço do metro quadrado na região.

origem do investimento e justificativas

A licitação para as obras foi concluída em agosto de 2022, ainda durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro.

O contrato foi firmado com a empreiteira Engevil, do Espírito Santo.

O investimento foi justificado pela prefeitura como parte da implantação de vias estruturantes para melhorar a mobilidade urbana e permitir a expansão planejada da cidade.

Além da pavimentação, o pacote de obras incluiu a construção de duas pontes sobre o Córrego Imbirussu, ligando o Bairro Jardim Carioca ao Núcleo Industrial – antes, a única travessia disponível era uma passarela improvisada.

O projeto abrange um total de:

  • 13,3 quilômetros de asfalto,
  • 15,2 quilômetros de drenagem,
  • 11,6 quilômetros de ciclovias,
  • três grandes reservatórios pluviais para conter enchentes.

Mesmo com a justificativa de modernização da infraestrutura, algumas falhas estruturais começaram a aparecer.

Trechos da ciclovia permanecem alagados por vários dias após chuvas, um problema esperado devido ao lençol freático raso e à baixa declividade da área.

A obra ainda não foi finalizada por completo, pois a conclusão de uma segunda ponte sobre o Córrego Imbirussu segue pendente.

valorização do entorno e impactos futuros

Embora a pavimentação possa trazer benefícios a longo prazo para a região, o impacto imediato tem sido maior para os grandes proprietários rurais, cujas terras devem se valorizar consideravelmente.

A chegada de infraestrutura urbana e futuros empreendimentos imobiliários pode transformar áreas de pastagem em novos bairros residenciais e comerciais, elevando o preço das terras.

Com a pavimentação concluída, a tendência é que novos loteamentos sejam lançados, impulsionando o mercado imobiliário local.

Assim, terrenos antes destinados à pecuária podem se tornar valiosos ativos urbanos, resultando em lucros substanciais para seus proprietários.

Apesar das críticas sobre as prioridades da prefeitura e da falta de investimentos em vias já congestionadas da cidade, o projeto segue avançando, favorecendo diretamente grandes proprietários de terras, incluindo nomes ligados ao presidente Lula.

Fonte: CLick Petróleo e Gás

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