Alagoinha do Piauí

Piauiense de Alagoinha revela em livro trajetória de vida de um candango

Piauiense de Alagoinha revela em livro trajetória de vida de um candango

Ele é muito conhecido na nossa região. Desperta atenção de todos por contar histórias engraçadas com detalhes que impressionam. Antenor Gomes da Silva, nascido em Alagoinha do Piauí no ano de 1941 é filho de Luiz Gomes da Silva, popularmente conhecido como Lulu.

Perto de completar 80 anos, o advogado aposentado dos Correios e Telégrafos, resolveu contar em 204 páginas, detalhes de sua trajetória desde a saída do Piauí em 1958 até fatos recentes. O livro da “Da tanga à toga – história de vida de um candango” foi lançado recentemente em Brasília onde o autor reside.

A história de vida de Antenor Gomes relatada no livro, coincide com a saga de muitos brasileiros que deixaram seus estados para se transformar em candangos na construção de Brasília, no final dos anos 50 e início dos anos 60. Até chegar lá foram muitas dificuldades. Na casa de taipa construída nas margens do Rio Piranhas em Alagoinha do Piauí, a mãe de Antenor, Isabel Cândida da Rocha, montou uma escola para educar os cinco filhos, mas o sonho durou pouco. Isabel morreria ainda jovem aos 33 anos de idade. Coube então ao irmão mais velho, Anísio, de 15 anos, cuidar dos menores.

Antenor e a esposa Mercês com as filhas: Mailane, Shirlaine e Alessandra

Não suportando o sofrimento de uma grande seca entre 1957 e 1958, Antenor, ainda de menor, resolveu procurar uma melhor condição de vida longe do Piauí. Com recurso que conseguiu depois de vender uma vaca, encomendou algumas peças de roupas ao alfaiate e dentista da época Francisco Valentim da Rocha, conhecido como Chico Belino. A primeira parada foi em Goiás, mas até chegar lá, enfrentou uma maratona na viagem em cima de uma carga de caminhão e depois em um barco. Foram 10 dias de viagem até a cidade de Porangatu.

Conseguiu emprego numa fazenda, mas trabalhou por apenas dois meses, ele queria mesmo era chegar a Brasília e encontrar o irmão Anísio, que não via fazia cinco anos. Aceitou trabalho braçal na construção civil porque lia e escrevia pouco.

Na construção civil chegou a trabalhar 15 horas por dia de segunda a segunda. Era preciso esforço para cumprir o que o presidente Juscelino Kubitschek queria: inaugurar Brasília em 21 de abril de 1960. Depois de contrair caxumba numa época de surto da doença, resolveu voltar ao Piauí depois de um ano ausente da terra natal.

Autografando o livro no Restaurante Carpe Diem, em Brasília

Ainda voltaria à capital federal e passou a trabalhar em uma função com horário disponível para estudar. Em 1964 numa viagem de férias ao Piauí, conheceu Maria Mercês da Rocha Silva, com quem se casou em julho de 1965.

Em uma das passagens do livro, Antenor revela o sofrimento com a morte do primeiro filho de apenas seis meses de idade, um duro golpe na vida do jovem casal. Em 1972, o nascimento da filha Alessandra trouxe muita alegria para Antenor e Mercês. Depois vieram Shirlaine e Mailane.

No livro, Antenor conta emocionado a alegria com a formatura em Direito no Distrito Federal em 1978. “Emocionei-me profundamente por estar realizando naquele dia o primeiro e maior sonho de minha mãe, que era ver um filho formado. Por força do destino ela não assistiu em vida”, conta Antenor em um dos trechos do livro.

Antenor Gomes da Silva é natural de Alagoinha do Piauí

Depois de passar por várias funções no serviço público, Antenor trabalhou durante 35 anos nos Correios e Telégrafos, onde se aposentou em 1993.

O livro traz também a biografia de pessoas que marcaram a vida do autor, entre elas o padre Francisco da Silva Rocha, conhecido como Padre Rocha. A leitura do livro Da tanga à toga permite também conhecer mais detalhes sobre a construção de Brasília, um pouco da história de JK, a Revolução de 1964 e outros fatos que marcaram o país.

O escritor não esqueceu de sua terra natal. Ele dedica parte do livro pra falar da história e das memórias de Alagoinha do Piauí. “Estou planejando lançar esse livro lá onde nasci”, disse Antenor.

Por Hamilton Rocha

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