As velas iluminam a noite
As velas são companheiras diárias do casal Vitória e Iranilson, que vive na comunidade com o filho de seis meses, o pequeno José. Na casa deles não existe qualquer ligação de energia elétrica e as velas aquecem o corpo e iluminam a noite.
“Nós não temos muito e o pouco que temos é assim. Quando bate a noite, a caixa de velas vira nossa defesa para o escuro. Não é que temos medo, já acostumamos, mas ter luz deve ser bom para o José crescer com algo que não tivemos”, relatou Iranilson.
Sem energia, os desafios para a criação do pequeno José ficam ainda maiores. Vitória conta que o menino sofre com as tardes quentes e à noite os insetos impedem o sono dele.
“A gente não tem muito e nem quer muito. Só queremos criar nosso filho e viver que nem gente! Ter uma vida digna”, lamentou Vitória.
Sem esperança
Dona Maria Mercedes, 67 anos, é mãe de Aldernir. Nunca saiu da comunidade e também nunca viu o brilho de uma lâmpada em sua casa.
Ela, que tem problema de visão e com o escuro fazendo parte do seu dia a dia, diz que as promessas para a chegada da energia são constantes, mas que não tem mais esperanças.
“Eu acho que a energia possa chegar, mas não no meu tempo. Eu estou velha…vou morrer e não vejo essa luz. Estou mal vendo direito e, quando chegar, se eu tiver viva, eu não vejo mais” disse a moradora.
Maior parque eólico da América do Sul
Todas essas famílias vivem próximas ao parque eólico Lagoa dos Ventos, considerado o maior complexo eólico em operação na América do Sul. Ele fica localizado nos municípios de Lagoa do Barro, Queimada Nova e Dom Inocêncio, a menos de 50 km de São Francisco de Assis do Piauí.
De acordo com a Enel Green Power, empresa responsável pelo complexo, o parque conta com 230 turbinas eólicas em funcionamento. Por ano, elas são capazes de gerar mais de 3,3 TWh de energia, o equivalente ao consumo de 1,6 milhão de casas.
Fonte: g1