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Taxa de mortalidade por suicídio no Piauí é quase o dobro do índice nacional; saiba como buscar ajuda

Taxa de mortalidade por suicídio no Piauí é quase o dobro do índice nacional; saiba como buscar ajuda

Pequenas frases e atitudes podem sinalizar o que se passa na cabeça das pessoas com quem convivemos em casa, na escola ou no trabalho, e é preciso estar atento para perceber quando um simples abraço pode fazer a diferença.

Dados extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) apontam que a média brasileira é de 5,6 mortes por suicídio a cada grupo de 100 mil habitantes. O Piauí apresenta quase o dobro desta taxa, atingindo uma média de 10 mortes, de acordo com o levantamento feito entre os anos de 2010 e 2017. As estatísticas do SIM são computadas usando como base os dados das declarações de óbito.

As razões que podem levar uma pessoa a atitudes extremas são diferentes, mas de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, 90% dos casos podem ser evitados.

No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado nesta terça-feira (10), você vai saber identificar atitudes de quem pode estar pensando em acabar com própria vida, a opinião de especialistas sobre como prevenir este mal e o que tem sido feito pelas autoridades para evitar as mortes.

Índice de suicídio no Piauí
Índice de suicídio no Piauí

O pensamento e comportamento suicida

Segundo um estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros pensaram seriamente em suicídio em algum momento da vida. 4,8% dessas pessoas chegaram a elaborar um plano para isso.

De acordo com o último boletim epidemiológico de tentativas e óbitos por suicídio no Brasil, entre 2011 e 2015 foram registradas 55.649 mortes por suicídio no país, com uma taxa de 5,5 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2016, a taxa de óbitos chegou a 5,8 por 100 mil.

No Piauí, o número de casos é crescente. Em 2015 foram registrados 271 casos de suicídio no estado. Em 2016, foram 321, e em 2018 o índice chegou a 329 casos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Os homens são os mais atingidos, e representam 73,3% dos casos. Das 329 mortes registradas como suicídio em 2018, um quarto delas aconteceram na cidade de Teresina, 6,1% em Parnaíba, 4% em Picos, 3% em São Raimundo Nonato, 2,4% em Campo Maior e 2,1% em São João do Piauí.

Psiquiatra Francisco Brito associa suicídio com transtorno mental — Foto: Gilcilene Araújo/G1 PI
Psiquiatra Francisco Brito associa suicídio com transtorno mental — Foto: Gilcilene Araújo/G1 PI

O psiquiatra Francisco Brito explica que o suicídio é o resultado de uma crise que está associada a algum transtorno mental como: de humor, depressão severa, alcoolismo, esquizofrenia, isolamento social, perdas recentes, dores crônicas, transtorno bipolar, dentre outros.

Segundo Brito, apesar de sofrer com a sensação de solidão e isolamento, em muitos casos o paciente dá sinais de sua intenção. Por isso, o psiquiatra ressalta a importância de ouvir a pessoa de forma honesta e paciente.

“Não devemos julgar a pessoa, mas sim tentar acolher o sofrimento dela, tentar entender o que ela está passando. Fazer uma escuta positiva sem questionamentos, porque este tipo de coisa faz a pessoa se sentir ainda mais culpada”, afirmou o psiquiatra.

Parentes, amigos e pessoas do convívio do paciente devem ficar atentos para as frases e comportamentos que sinalizam sobre a ideação suicida. Veja na imagem abaixo exemplos de frases para se ficar alerta:

Mais apoio e menos julgamentos

Um abraço, uma palavra amiga, por mais simples que pareça, pode representar uma grande ajuda para pessoas que sofrem com a solidão e o desamparo. O G1 ouviu o relato de pessoas que chegaram a tentar suicídio e conversou com familiares de quem perdeu um ente querido.

A estudante Vitória* contou com o apoio da família quando por duas vezes tentou se matar. Para ela, o carinho da família tem sido o grande diferencial em seu tratamento.

“Tenho uma rede familiar que se uniu ainda mais para me ajudar e profissionais incansáveis. Minha família faz esquema de revezamento para ficar comigo, minha terapeuta e psiquiatra atendem minhas ligações e mensagens a qualquer hora do dia ou da noite”, relatou.

Um abraço, uma palavra amiga, pode auxiliar neste momento — Foto: Sayonara Lima/CAPS Infanto Juvenil
Um abraço, uma palavra amiga, pode auxiliar neste momento — Foto: Sayonara Lima/CAPS Infanto Juvenil

Vitória* contou sobre a dificuldade de reagir à depressão, mesmo para quem vive uma vida estável e cercada de apoio.

“A depressão é uma doença que dói no corpo e na mente. É desesperador olhar para sua família e não conseguir levantar. Dói ter amigos, família, uma vida boa e não conseguir ser feliz. Dói ainda mais quando se tenta interagir e vê que muitos dos que te rodeiam acreditam que depressão é frescura ou fraqueza”.

Além da luta contra a depressão, Vitória* conta que teve que lidar com o preconceito. “Eu não escolhi estar doente, se eu pudesse escolher não sentiria tamanha dor. Hoje, o que me mantém viva é ver que minha família e meus médicos, que não desistem de mim”, declarou.

Conversar é a melhor solução

Centro  de Valorização da Vida — Foto: Divulgação/CVV
Centro de Valorização da Vida — Foto: Divulgação/CVV

As pessoas que se sentem sozinhas têm à sua disposição pessoas preparadas para ouvir durante 24 horas do dia e da noite, através do número 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV). O centro oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que queiram e precisem conversar.

“Fazemos uma escuta ativa, é uma conversa que pode contribuir para a pessoa que esteja precisando ser ouvida e pode estimular que ela busque solucionar seus problemas, com ajuda de um profissional especializado”, explicou Eyder Mendes, atendente e coordenador de divulgação do CVV no Piauí.

A conversa acontece sob sigilo total tanto pelo telefone, no número 188, e-mail e chat todos os dias durante 24 horas pelo site https://www.cvv.org.br.

*Vitoria: nome fictício usado para preservar a identidade da fonte.

Fonte: G1 Piauí

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