Os amigos piauienses Clodoaldo Ribeiro e Robert Serejo são motoviajantes e, há cerca de quatro anos, exploram vários destinos pelo Nordeste. Mas eles decidiram que em 2024 iriam realizar um grande sonho: viajar de motocicleta para atravessar o deserto do Atacama, no Chile.
A dupla de empresários do setor de comunicação saiu de Teresina em 9 de fevereiro e chegou ao Deserto de Atacama em 24 de fevereiro. Eles deixaram o Chile três dias depois e chegaram à capital do Piauí em 6 de março, totalizando 26 dias de viagem e um trajeto de mais de 15 mil km.
“Atravessamos o continente. Saímos daqui e fomos até a cidade de Antofagasta, no Chile. A gente se organizou para ficar em hotéis. Como nossa viagem era um turismo de roteiro, a gente não ia para uma cidade definida. Conforme ia gostando, ficava um ou dois dias. Assim também funcionava com a alimentação”, contou Clodoaldo ao g1.
Segundo Clodoaldo, é comum motoviajantes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil irem ao Chile, mas é menos comum no Nordeste, devido à distância. Os amigos decidiram fazer a viagem quando souberam de turistas do Rio Grande do Norte que fizeram o percurso até o deserto.
“Há uns três anos, visitamos o Parque do Jalapão, no Tocantins, e depois rodamos pelo Nordeste. Todo moto-viajante tem o desejo de conhecer o deserto, é um destino bastante visitado, mas pouquíssimas pessoas da nossa região já enfrentaram essa empreitada”, apontou.
Diferenças e momentos curiosos
Além da estrada, a dupla enfrentou pelo caminho as diferenças culturais, principalmente relacionadas à comida: bem acostumados ao arroz com feijão, tipicamente brasileiros, eles precisaram se adaptar a uma alimentação baseada em pão, batata e carne.
“No início a gente estranhou porque lá praticamente é pão, batata e carne. Você não encontra o arroz com feijão. No Chile você ainda encontra o arroz, mas é um preparo muito diferente do nosso. Na verdade eu nem comi, preferi mesmo a batata”, comentou Clodoaldo.
Outra dificuldade vivida por Clodoaldo foi motivada pela altitude de Susque, cidade argentina a 3.900 m do nível do mar, que o causou mal-estar. Ele precisou mascar folhas de coca, oferecidas por nativos, para aliviar a sensação.
Apesar dos contratempos, os dois também experimentaram momentos curiosos e inesquecíveis, como se deparar com um leão-marinho na calçada de um mercado da região.
“Quase pisei na nuca do leão-marinho! Nunca tinha visto um, mas é comum em Antofagasta, por ser uma cidade portuária. Também banhamos nas águas do Oceano Pacífico, bem longe do nosso Atlântico”, destacou o empresário.
De Antofagasta, no Chile, os amigos foram até Calama e, finalmente, chegaram a San Pedro de Atacama. No verão, a temperatura varia bastante, de 8 ºC e 35 ºC; durante os passeios, chegava à -6 ºC. “Tive contato com a neve pela primeira vez”, lembrou Clodoaldo.
O ápice da viagem foi registrado em uma fotografia em frente à Mão do Deserto, escultura de uma mão no meio do deserto do Atacama.
“Ainda descansamos um tempinho em Foz do Iguaçu. Depois, pegamos [o caminho] direto para Teresina e chegamos no último dia 6”, completou o viajante.
Fonte: g1