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Com R$ 100 mil mensais para desconhecidos, Tailândia tem invasão brasileira

“Eu estava com minha mãe quando recebi uma mensagem de um empresário perguntando se eu tinha interesse de jogar na terceirona tailandesa. O salário que eles ofereciam era o triplo do que eu ganhava na época no São Bento [time de Sorocaba que está na elite do futebol paulista]. No começo, achei que era trote.”

O relato do zagueiro Victor Cardozo, do PTT Rayong, recém-promovido para a primeira divisão, mostra o motivo pelo qual a Tailândia se transformou em um paraíso para os jogadores brasileiros, principalmente para aqueles que são pouco conhecidos por aqui e não têm a oportunidade de defender os clubes mais importantes de sua terra natal.

Crédito: Divulgação/Heberty

Atualmente, 63 brasileiros estão espalhados pelos diferentes níveis do futebol tailandês. O número é bem maior do que o da presença nacional na China (39), na Coreia do Sul (33) e nos Emirados Árabes (30), mercados asiáticos que são muito mais conhecidos por aqui.

O salário médio dos estrangeiros que atuam na primeira divisão da Tailândia costuma girar entre US$ 20 mil e US$ 25 mil mensais (quase R$ 100 mil), não muito diferente da elite do Brasil. Mas há quem ganhe bem mais e chegue a faturar R$ 500 mil a cada 30 dias.

É muito dinheiro… especialmente para atletas que estavam distantes dos Palmeiras, Flamengo e Grêmio da vida, e que muitas vezes sequer sabiam quando receberiam seu próximo salário.

“Eu estava há três meses sem receber no Guarani quando vim para cá. É claro que fiquei com um receio quando fui convidado para jogar na Tailândia, mas meu salário aqui quadruplicou. Estou aqui há quatro anos, e nunca atrasaram meu pagamento em mais de cinco dias. Os dirigentes tailandeses agem corretamente. É muito diferente do Brasil”, afirma o atacante Dennis Murillo, do Nongbua.

“A Tailândia gosta muito dos brasileiros, tem um povo um pouco parecido com o nosso. Por isso e pela questão financeira, virou uma opção muito agradável para nós. O Brasil é um país muito fechado para esses jogadores que não tiveram a oportunidade de jogar em uma grande equipe”, adiciona Victor Cardozo, que, além do São Bento, jogou em times menores do Rio Grande do Sul, da Paraíba, do Paraná e do Rio de Janeiro.

Mas se os tailandeses continuam investindo pesado nos representantes do futebol pentacampeão mundial é porque, dentro de campo, eles têm correspondido às expectativas.

Das cinco últimas edições da Thai League, a primeira divisão local, quatro terminaram com brasileiros no topo da tabela de artilheiros. Diogo (ex-Portuguesa, Palmeiras e Santos) ganhou o prêmio em 2015 e 2018, Cleiton Silva faturou o troféu em 2017 e Heberty, em 2014.

Heberty, aliás, é um dos grandes nomes da história do futebol da Tailândia. Atacante com passagem por Juventus, São Caetano e Paulista, ele está na Ásia em 2012. Passou pelo Japão e pela Arábia Saudita, campeonatos maiores que o Tailandês na hierarquia continental, mas preferiu ficar “em casa” e hoje é a estrela do Muangthong United, quarto colocado na última temporada.

“Quando cheguei aqui, achei estranho ver elefantes andando pela rua. A estrutura também era diferente. A gente treinava em um campo com pessoas normais correndo na pista de atletismo. Mas tudo está mudando. Gosto muito de morar aqui. Até gostaria de voltar ao Brasil. Mas, com o salário que ganho, é meio difícil que isso aconteça.”

Fonte: Blog do Rafael Reis/UOL

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