A demissão dos servidores contratados da Secretaria de Serviços Públicos de Picos provocou um verdadeiro caos na limpeza pública do município. Ao todo, 165 trabalhadores do setor foram exonerados atendendo ao Ministério Público, que recomenda a convocação dos aprovados no último concurso público para ocupação das vagas.

Sem mão de obra para executar o serviço, a limpeza pública foi suspensa no último dia 28 de fevereiro e deixou moradores de diversos bairros da cidade sem a coleta de lixo domiciliar. A reportagem do Grande Picos visitou os locais mais afetados nesta sexta-feira (03) e constatou o drama enfrentado pelas famílias.

Nas ruas, sacos de lixo se acumulavam e os transeuntes dividiam espaço com cachorros e urubus que aproveitavam o excesso de resíduos para revirar as sacolas em busca de alimentos.

No bairro Canto da Várzea, o funcionário de um edifício disse que o lixo produzido pelos moradores do prédio foi colocado para fora na noite de terça-feira (28) para ser recolhido na manhã seguinte, como acontece regularmente, mas o resíduo foi levado de volta.

“Nós colocamos ontem e não foi recolhido. Agora estou guardando porque acho que não vai ter ninguém para pegar o lixo hoje. É melhor tirar agora ou os cachorros vêm mexer nos sacos – e aí vou ter um trabalho dobrado”, relata o porteiro.

A comunidade do bairro São Sebastião também vivencia a dificuldade da falta de coleta de lixo. Conforme declaração do presidente da Associação de Moradores, Pedro Lima, a situação ocorre com constância, mas nunca havia demorado tanto quanto agora. “Aqui sempre teve esse problema e nós sempre cobramos das autoridades, mas eu não sei o que ocorre que nossas reivindicações não são atendidas pela administração”, desabafa.

Localizado na parte central da cidade, o bairro Boa Sorte também sofre com a suspensão da limpeza pública. A dona de casa Maria Raimunda lamentou a situação e disse que parte das famílias teve que depositar os resíduos no leito do Rio Guaribas. “Aqui tá difícil, além do mau cheiro nós temos que tirar uma pessoa exclusivamente para espantar os urubus”, comenta.

Na Zona Leste não foi diferente. No bairro Parque de Exposição a situação é a mesmas dos bairros localizados na parte central da cidade. O líder comunitário Luís Nogueira diz que reside na comunidade há mais de 20 anos e declarou nunca ter se deparado com essa situação. “Eu tenho mais de vinte anos que moro aqui, mas nunca ficamos um período desses sem recolhimento do lixo”, frisa.

Maior bairro da cidade, o Junco também foi afetado com a interrupção do serviço, o que deixou os moradores irritados. O aposentado Ivanildo Messias diz que é revoltante conviver com a situação. “Isso é uma vergonha, o povo dessa cidade não merece esse tipo de tratamento por parte da gestão”, alfineta.

Serviço foi regularizado

O secretario municipal de Serviços Públicos de Picos, Elizomar Carvalho, justificou o problema. Ao Grande Picos, Mazinho, como é conhecido, explica que atendendo a uma determinação do Ministério Público, o prefeito Walmir Lima (PT) foi obrigado a dispensar os servidores contratados, o que comprometeu o desempenho do trabalho da pasta. Ainda segundo o gestor, no mesmo despacho o prefeito terá que efetivar os aprovados no último concurso público.

“A coleta ocorreu de forma normal até o último dia 27, mas o prefeito municipal recebeu uma recomendação do Ministério Público orientado que demitisse os contratados”, argumenta o secretário.

Mazinho informou que após entendimento com o prefeito foi feito o remanejamento de servidores para minimizar a situação em alguns pontos. “Entendendo que esse é um serviço essencial para população, o prefeito nos autorizou a fazer um remanejamento e retomar a coleta”, explica.

Em relação ao atendimento na zona rural, o gestor disse que dependerá de uma nova licitação, já que os contratos dos caminhões que operavam nas comunidades encerraram-se no final do mês de Dezembro.

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