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Interesse da Ásia por colágeno de jumento aumenta abate de animais no Nordeste

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FOTO: REPRODUÇÃO

Através da voz única de Luiz Gonzaga, nas expressões da literatura de cordel e nas obras das artes plásticas, o humilde jumento emerge como um personagem central na rica narrativa do Nordeste brasileiro. No entanto, apesar de sua profunda importância histórica e social, a sobrevivência dessa espécie agora enfrenta sérios desafios, deixando-a vulnerável e em perigo.

Ao longo de 2023, até setembro, o Brasil abateu 19.978 asininos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura. Desde 2017, o Brasil abateu cerca de 200 mil asininos, o que equivale à metade da população desses animais no país, segundo o último censo agro do IBGE.

A regulamentação do abate de jumentos no Brasil em 2016 foi uma medida para minimizar o problema do abandono desses animais nas zonas rurais do Nordeste. Com a popularização das motocicletas, os jumentos perderam sua utilidade econômica e passaram a ser deixados à própria sorte.

Além de minimizar o problema do abandono de jumentos, os abates no Brasil também atendem à demanda chinesa por carne e couro da espécie. O interesse está relacionado à fabricação de ejiao, um fármaco popular na medicina tradicional asiática que é feito a partir do colágeno de jumento. O produto gelatinoso é considerado um “elixir milagroso” e promete retardar o envelhecimento, prevenir tumores e impotência sexual. Ele pode ser encontrado na internet por cerca de R$ 590.

A diminuição significativa da população de jumentos no Brasil levou ativistas da causa animal a pedirem o fim do abate desses animais. Segundo eles, a prática é cruel e põe em risco a espécie, que é um patrimônio genético único. Yuri Fernandes, coordenador jurídico da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, afirma que, embora a prática não seja ilegal, ela fere os artigos 32 e 225 da Constituição brasileira, que protegem os animais e o meio ambiente.

A produção de jumentos para o abate no Brasil é diferente da de outros animais, como suínos e bovinos. Não existe uma cadeia específica para essa atividade, e os animais são coletados de diferentes estados e enviados para os frigoríficos. Essa situação coloca os animais em situação de vulnerabilidade, e há denúncias de maus-tratos durante o transporte e nos locais onde os animais aguardam o abate. Em 2018, a Justiça da Bahia proibiu a prática no estado, onde estão os principais abatedouros de jumentos do país.

(Com informações do Globo Rural/O Globo)

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